“É fácil ter religião e professar
a fé em Jesus. O difícil é ter espiritualidade e a fé de Jesus”
(Frei Betto)
Viver
a vida, sonhar com a liberdade, experimentar o sabor da eternidade, acreditar
na ressurreição da carne e um dia raiarmos na Jerusalém celeste é a utopia mais
atualizada no coração humano. A festa da Páscoa nos atualiza e nos recorda a
magnitude dessa força da liberdade e libertação.
Na
sua tradição mais remota junto aos hebreus, essa festa tem um caráter de
passagem do Egito (terra da escravidão) sob o reinado de Ramsés II em 1250 a.c.
para Canaã (terra da fartura) “onde corre
leite e mel”. Simbolicamente significa travessia da escravidão para a
liberdade, do pecado para a graça, das trevas para a luz, da morte para a vida.
Com
a paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo no segundo testamento, como nos
diz o padre Alfredo J. Gonçalves (Jesuíta e assessor das pastorais sociais), revela:
“No espaço ao mesmo tempo breve e infinito
que vai da sexta-feira santa ao domingo de Páscoa, entrelaçam se duas
dimensões que nos acompanham não somente neste período litúrgico, mas durante
toda a vida. Do berço ao túmulo, cruz e ressurreição cruzam e recruzam nossa
existência. Representam dores e esperanças, ilusões e desilusões, sonhos e
fracassos... Enquanto a primeira nos mantém
com os pés firmes no chão dos embates humanos, a outra nos dá asas para voar em
direção a uma eternidade cujos vislumbres transparecem durante o percurso do
‘Verbo que se fez carne’ Assim, o mistério da encarnação
transforma a antiga em Nova Aliança”.
Porém somos encobertos com a força comercial,
que o mundo capitalista nos impõe, tornando tudo e todos um produto, uma mercadoria.
Vivemos, como nos apresenta a igreja no Brasil com a CF 2015 sobre o serviço
cristão na sociedade e o Papa Francisco salienta para o mundo, na
transitoriedade, no consumismo e no descartável.
Os
ovos de chocolates, coelhos, viagens e ilusões de ceias fartas que esquecem á
genuinidade da Páscoa hebraica e da atualização em Jesus Cristo, que totalizam
a perspectiva do Ser e não do Ter. Como hodiernamente podemos iluminar
a partir da renovação da vida, da coragem de mudar, da luta em favor da vida,
do impulso á fraternidade, da luta contra toda sorte de sofrimento, as relações
sociais tão desiguais?
O
caminho parece-me que é do encontro, da relação, do coração de peregrino, lutar
para que cada dia mais gente seja gente de fato e de direito. Viver em
constante libertação, crer na vida sempre vencendo a morte, confiar na
organização e força dos empobrecidos e abraçar a causa de Jesus com a fé de
Jesus. E aí assumo também o que nos diz o tão conhecido companheiro Frei Betto:
“A
fé esvazia o sentido da ressurreição de Jesus quando não se pergunta pelas
razões de sua morte. Ele não queria morrer, suplicou a Deus, a quem tratava com
intimidade relacional de filho para pai, que afastasse dele aquele cálice de
sangue. Teve medo. Refugiou-se numa plantação de oliveiras. Preso, não negou o
que fizera e pregara, e pagou com a vida a sua coerência. Assassinaram Jesus
porque ele queria o obvio. E este obvio é tão obvio que, ainda hoje, muitos
fingem não enxerga-lo: vida em plenitude para todos (joão 10,10)”.
Vamos
nesse domingo 05/04/2015 vivenciarmos realmente com vigor e coragem a
transformação da opressão para a plenitude do reinado de Deus, vamos
experimentar o sabor e o saber da esperança viva do projeto novo de sociedade
com base nas relações fecundas e irmanadas do evangelho de Cristo. Crê na força
viva da Civilização do Amor. O Senhor Ressuscitou! Aleluia, aleluia, aleluia. E
agora? Vamos...
Ulisses Willy Rocha de Moura.
Professor
de sociologia, Biblista e Assessor da PJMP da Paraíba.